Por que a população judaica na Europa diminuiu ao longo dos anos?

Nos últimos anos, casos de violência contra judeus aumentaram na Europa. Há também um crescente movimento anti-semitismo no continente que se tornou um ponto de preocupação para os judeus na Europa. Registros do Pew Research Institute mostraram que a população judaica na Europa experimentou um declínio acentuado desde a virada do século XX. De acordo com os dados, em 1939, a população total de judeus na Europa era estimada em 9, 5 milhões, mas em 2010, esse número caiu para apenas 1, 4 milhão de judeus. O declínio foi atribuído a uma ampla gama de fatores. O fator mais óbvio no declínio foi o Holocausto, que levou à morte de 6 milhões de judeus e milhões mais emigrando da Europa e se instalando nos Estados Unidos, na Palestina ou no Reino Unido.

História do assentamento judeu na Europa

O mais antigo assentamento judaico na Europa remonta ao século 3 aC. Esses judeus, que praticavam o judaísmo helenístico, existiam em grande número na Grécia depois de se mudar do Oriente Médio, particularmente de Alexandria. Historiadores e escritores famosos dessa época, como Josefo, Estrabão, Sêneca, Cícero e Filo, mencionaram a presença de judeus em todo o Mediterrâneo. A população judaica se espalhou por todo o Império Romano no século II aC, e durante o reinado de César Augusto, o número de judeus residentes em Roma foi estimado em cerca de 7.000 pessoas. Na Idade Média, os judeus foram encontrados em toda a Europa e chegaram à Inglaterra no século XII.

Por volta de 1100, a população total de judeus na Europa cristã era estimada em cerca de 1, 5 milhão de pessoas. Os judeus estavam isentos do sistema de governo então feudal e, portanto, não eram obrigados a participar da guerra ou das práticas opressivas, algo que permitia que os judeus prosperassem e florescessem. Essa prosperidade fez os judeus se tornarem alvos fáceis e foram culpados por qualquer incidente trágico que ocorresse. Um bom exemplo foi durante a peste negra do século XIV causada pela peste bubônica que dizimou a população da Europa. Judeus foram culpados pela praga, e comunidades inteiras foram destruídas em uma onda indiscriminada de violência contra judeus. Um incidente notável aconteceu em fevereiro de 1349 em Estrasburgo, onde 2.000 judeus foram queimados até a morte como uma diretiva do conselho da cidade, apesar do fato de Estrasburgo não ter tido uma única morte pela peste. Esse massacre, agravado pelos milhões de mortes causadas pela peste, levou a população judaica da Europa a experimentar um drástico declínio no século XIV.

Anti-semitismo na Europa Medieval

A população judaica na Europa sofreu discriminação de várias formas desde a cristianização do Império Romano no século VIII dC. Judeus e cristãos estavam envolvidos em hostilidade, com os cristãos culpando os judeus pela morte de Jesus Cristo, a figura em que toda a religião cristã é fundada. No entanto, o anti-semitismo na Europa atingiu seu auge na Alta Idade Média entre o século 11 e o século 14, durante as cruzadas. Durante a Primeira e a Segunda Cruzada, comunidades judaicas inteiras foram destruídas em toda a Europa, com judeus sendo expulsos da França, Polônia e Áustria. Na Baixa Idade Média, os judeus que residiam em cidades da Europa estavam confinados a áreas restritas conhecidas como guetos. Espanha e Portugal emitiram diretrizes pedindo a expulsão de judeus dos reinos em 1492 e 1496, respectivamente, levando ao maior êxodo de judeus da Europa.

O Holocausto

Na virada do século 20, a população judaica européia floresceu e estima-se que tenha atingido cerca de 9 milhões de pessoas. No entanto, o anti-semitismo permaneceu uma questão subjacente, particularmente na Alemanha, onde esses sentimentos foram propagados pelo movimento Volkisch. O mundo logo se envolveu na Primeira Guerra Mundial, também conhecida como a Grande Guerra. No rescaldo, a Alemanha enfrentou uma derrota humilhante e teve parte do seu território anexado. A situação financeira deplorável da Alemanha foi agravada pela Grande Depressão dos anos 1930. O povo alemão estava desesperado por um salvador. O partido nazista anti-semita ganhou ampla popularidade durante esse período, e logo Adolf Hitler se tornou Fuhrer do Terceiro Reich. O anti-semitismo na Alemanha não era permitido apenas pelo governo nazista, mas encorajador, com os judeus sendo obrigados a usar braçadeiras para identificação.

Na década de 1940, o mundo mergulhou em uma guerra mais sangrenta, a Segunda Guerra Mundial. Usando a guerra como cortina de fumaça, a Alemanha nazista começou o confinamento em larga escala de judeus em campos de concentração. Em 1942, os líderes nazistas começaram a implementar “a solução final” que pretendia aniquilar toda a população judaica de 11 milhões na Europa. Cerca de 6 milhões de judeus foram mortos no Holocausto, representando dois terços de toda a população judaica da Europa. Outros judeus conseguiram imigrar para outros países, como os Estados Unidos, em centenas de milhares. Esses incidentes levaram ao maior declínio da população judaica na Europa desde a peste negra.

Judeus na Europa pós Guerra Mundial

Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a população judaica na Europa iniciou um êxodo em massa da Europa para se estabelecer nos Estados Unidos e na Palestina, levando a uma diminuição ainda maior da população judaica na Europa. O estabelecimento de judeus na Palestina criou atrito com os países islâmicos vizinhos que levaram à Guerra dos Seis Dias. Este conflito armado levou ao ressurgimento do anti-semitismo na Europa. O conflito Palestina-Israel no final do século 20 também levou ao crescimento do anti-semitismo na Europa.

O Cenário do Século 21

O número de judeus na Europa diminuiu ainda mais no século XXI. Este declínio é mais dramático nos países da antiga União Soviética. Registros do Pew Research Institute mostraram que em 1945, a população total de judeus nos países da Europa Oriental era de cerca de 859.000 pessoas. Em 2010, o número de judeus nesses países caiu para 70.000 pessoas. Nos países da Europa Oriental, uma nova onda de anti-semitismo tem crescido particularmente entre a geração mais jovem.

O declínio da população judaica na Europa

ClassificaçãoAnoPopulação Judaica na Europa (em milhões)
119399, 5
219453, 8
319603, 2
419912.0
520101, 4